Alimentos e inflamação
Com a inflamação acontece a mesma coisa do que ocorre com o estresse. Ambos ocorrendo de maneira breve, aguda e não letal, ajudam nosso organismo. Um pouco de estresse, aquela adrenalina de fazer algo novo, ou de levar um breve susto, um banho gelado, uma noite mal dormida passada conversando ou trabalhando, até podem ajudar. Uma infecção leve, um resfriado, uma indisposição curta, nosso corpo tira de letra.
A inflamação é um mecanismo de defesa do organismo. O problema é a sua permanência, a cronicidade. Neste caso ela é reconhecida como uma das principais responsáveis pelas doenças crônicas (junto com infecções crônicas subclinicas, mononucleose, herpes, hepatites, papilomas, respiratórias; o estresse crônico e as intoxicações ambientais).
O problema é que muitas vezes a inflamação ocorre sem a pessoa perceber, de maneira silenciosa e provocando sintomas gerais como cansaço, dores ou desconfortos no corpo, dificuldades de sono, cefaléia, queixas digestivas, e muitos outros sintomas, de maneira recorrente ou crônica.
Preferimos classificar os alimentos inflamatórios em duas categorias gerais: os naturais e os industrializados.
Entre os naturais, podemos classificar em mais duas categorias: os vegetais e animais.
O mais onipresente e inflamatório de todos são os açucares. Presentes nos alimentos doces, em bebidas como refrigerantes, sucos naturais (ricos em frutose, o açúcar da fruta) ou artificiais, bebidas lácteas (iogurtes e similares), chás industrializados (adoçados com açúcar ou adoçantes), álcool (cervejas, principalmente) e em amidos. Os amidos (batata inglesa e milho principalmente) são matéria prima de muitos alimentos industrializados, mas mesmo preparados em casa, se processados (moídos ou triturados), são convertidos após sua digestão em açúcar. E o açúcar é muito inflamatório!
Em relação aos alimentos vegetais os mais comumente associados à inflamação são os cereais, especialmente na sua forma integral, mas os refinados aumentam o potencial de dano pelo amido e açúcar, como falado no parágrafo anterior. Na forma integral a inflamação vem do glúten, presente no trigo, na aveia, centeio, cevada, arroz e espelta. No caso dos cereais, os danos não se restringem apenas ao glúten, mas também as lectinas(para saber mais sobre elas clique aqui).
Dentre os vegetais temos fontes inflamatórias nas lectinas que estão difusamente presentes em vegetais, especialmente nas leguminosas como soja (a mais tóxica), feijões, lentilhas e amendoim. Mas também em outros como as solanáceas, como a batata inglesa, tomates, berinjela e outros.
Tanto o glúten quanto as lectinas, apresentam-se em quantidade variável nos diversos alimentos, e a sensibilidade das pessoas varia igualmente em relação ao glúten e ao tipo de lectinas e quantidade presente nos alimentos. Sugerimos que você observe sua reação individual, afinal podemos tolerar alguns destes alimentos e precisamos comer, mas lembramos que não é normal ficar “estofado”, ter azia, refluxo ou dor abdominal (e mesmo desconforto). Se tiver estes sintomas observe o que comendo, vá ao médico ou mesmo faça uma contraprova aderindo á dieta autoimune original, a qual elimina muitas fontes de inflamação, e após 3 semanas geralmente há uma reversão da inflamação dos alimentos.
Dentre os alimentos inflamatórios industrializados temos as gorduras vegetais poli-insaturadas (óleo de soja, canola, girassol e milho, por exemplo) e as hidrogenadas (descrita nos rótulos como gordura vegetal), as quais estão associadas a elevado grau de inflamação e mesmo câncer. As poli-insaturadas como o óleo de soja, milho e arroz, são ricos em ômega-6, uma gordura essencial, que deve ser consumida, mas que na história humana, costumava apresentar-se em uma proporção de 1:1 ou 2:1 em relação às gorduras ômega-3. A dieta moderna ocidental costuma ter grande predomínio de gorduras ômega-6 em relação à ômega-3, chegando a 20:1 ou mais. Este desequilíbrio produz muita inflamação, e sugerimos evitar este tipo de óleo no dia-a-dia.
Para citar os alimentos inflamatórios naturais de origem animal temos as carnes de animais alimentados com ração à base de cereais e/ou leguminosas (farelo de arroz, soja e milho) a qual faz com que estes animais tenham elevado teor de gordura Ômega-6, muito maior do que se encontra naqueles animais que comem naturalmente (gado criado a pasto, peixes na natureza e não em cativeiro, galinhas soltas em quintais ou campos, etc). Neste caso pelos motivos que explicamos no parágrafo anterior.
Dentre os alimentos inflamatórios naturais de origem animal temos também os laticínios. Nestes há o açúcar natural do leite, a lactose, a qual provoca inflamação aguda. Mas os mais freqüentes inflamadores crônicos do leite e derivados (queijos, requeijão, iogurte e outros) estão presentes nas proteínas destes alimentos, e a mais inflamatória destas é a caseína. Existem diferentes tipos de caseína e outras proteínas presentes no leite, como fatores de crescimento que estão associadas a doenças crônicas e especialmente alguns tipos de câncer.
Quanto aos alimentos industrializados, somos radicais, preferimos dizer que não são comida de verdade, e, portanto, devem ser evitados. Comida congelada não necessariamente é industrializada. Podemos ter carnes, vegetais congelados que preservam suas propriedades de comida de verdade.
Os industrializados são fabricados para vender, são negócios que interessam ao fabricante, em geral com aditivos químicos, excesso de sal ou açúcares, adoçantes, saborizantes, corantes e conservantes. Estão associados a todas as doenças crônicas, especialmente as metabólicas, autoimunes e câncer.
Sugerimos alimentação original que se baseia em comida de verdade consumida pelo período mais extenso da história humana.
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3 Comentários
Gostei muito do artigo. M obrigada! Abraços!
Oi Clóris!
Que bom que foi útil.
Aceitamos sugestão de temas.
Minha mãe tem o costume de não comprar carnes embaladas a vácuo como Friboi, Perdigão e Sadia, por não acreditar na qualidade . Não sei se procede esta percepção? Ela também não gosta de comprar nas bandejas da preferência direto do açougue do supermercado, principalmente de bandejas pretas. O problema é que grandes redes muitas vezes só ofertam alguns cortes só em bandejas próprias (nossa preferência em bandejas brancas dependo do corte se não tiver no balcão do açougue), embalagens a vácuo (não compramos, mas muita gente consome) e outras embalagens de fabricantes que hoje ignoramos pelas misturas com alto teor de sódio. Gostaria de dicas em Porto Alegre/RS para se comprar carnes mais saldáveis.