A ditadura da luz
A raça humana vive sobre a terra e obedece o ritmo solar desde que conhecemos o mundo. Acordávamos ao raiar do sol com a liberação de hormônios responsáveis por estimular a nossa energia e à atividade plena e à medida que as ondas solares se alteram, reduzem e desaparecem, outros hormônios vem à tona para nos proporcionar o repouso merecido com um sono reparador e assim sucessivamente. É o que conhecemos como ritmo circadiano.
O sol continua nascendo e se pondo, mas não mais obedecemos ao seu comando. A humanidade descobriu uma forma de burlar esta lei da natureza e podemos ficar ativos por muitas horas após a lua chegar. Assim como o domínio do fogo nos permitiu evoluir como raça inteligente, o domínio da luz desenvolveu as cidades e expandiu a possibilidades de produção e trabalho. Podemos permanecer acordados bem após o sol se pôr. Isto nos proporciona mais horas ativos produzindo, nos divertindo, não dormindo e ,consequentemente, engordando, adoecendo, envelhecendo e morrendo precocemente.
Assim como as orientações oficiais nos fizeram, erroneamente, temer a gordura saturada, agora também tememos o sol e nos escondemos dele de todas as maneiras através de roupas com proteção UVA/UVB, filtros solares potentes e pela longa permanência em ambientes fechados com luz artificial.
A luz solar tem estímulo direto sobre as mitocôndrias e sua produção de energia que é crucial para a nossa saúde ou doença, além de enviar ao cérebro mensagens que irão determinar a liberação de hormônios vitais para o nosso bom desempenho. Não estamos falando da exposição nociva que causa queimadura da pele, com risco de câncer e danos à córnea, com o risco da degeneração macular, mas uma exposição diária, benéfica e sem exageros.
O sol apresenta diversas faixas de comprimento de onda que estimulam diferentemente os sensores nos nossos olhos e pele, equilibrando hormônios, ativando a vitamina D e tornando-a disponível e evitando uma série de doenças, já as luzes artificiais erradicaram completamente os raios infravermelhos (calor do sol) e se compõe basicamente de luzes azuis (frias) que hiperestimulam o cérebro e os olhos que, junto com os ovários e o coração, apresentam a maior concentração de mitocôndrias do nosso corpo e portanto influenciam diretamente a qualidade da sua produção de energia. Estas mesma luzes azuis estão presentes em todos os dispositivos eletrônicos que manipulamos diariamente, celulares, tablets, televisão, dispositivos de leitura, e claro, nas lâmpadas de LED e fluorescentes. A exposição a estes equipamentos após o entardecer causa prejuízo na qualidade do sono pois, entre outros efeitos deletérios, impede a liberação de melatonina, um hormônio que nos permite atingir as fases profundas e reparadoras do sono o que gera um efeito em cascata de mecanismos inflamatórios que são gatilho para uma série de doenças crônicas como diabetes tipo 2, câncer, doenças neurológicas e muitas outras.
Para minimizar a crise da energia elétrica estamos causando uma crise de energia nas nossas mitocôndrias alimentando-as com “junk light”!
Podemos minimizar estes efeitos tomando algumas atitudes. Expor-se ao sol sem filtro solar ou óculos escuros por um período do dia, reduzir o tempo de uso de dispositivos digitais e luzes azuis, instalar algumas luzes de LED vermelhas para competirem nas suas ondas e trocar as luzes de LED e fluorescentes por lâmpadas halógenas. Existem também óculos com lentes alaranjadas que protegem quando usados em ambientes com luzes artificiais.
Esta preocupação recai predominantemente sobre as nossas crianças e adolescentes que pouco brincam e se divertem ao ar livre e são servos dos seus celulares por grande parte das 24 horas do dia pois já observamos estes efeitos nestas novas gerações com a maior incidência de obesidade, transtornos de déficit de atenção, hiperatividade e sedentarismo.
Talvez uma pequena mudança em direção a uma maior conexão com a natureza, assim como observamos nos aspectos alimentares, já seja suficiente para reduzirmos os efeitos tão desastrosos desta época em que as cidades se vangloriam de nunca dormirem e onde a ditadura da luz impera.
Usemos a tecnologia em prol do nosso bem estar e, acima de tudo, da nossa saúde.
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1 comentário
O interessante é desde sugiram as TVs de tela plana e computadores com a mesma tecnologia, mais pessoas usam óculos. As pessoas mal se comunicam em escolas, universidades, trabalho e outros locais. Isso quando não falam com você e ao mesmo tempo olham para os smartphones. Eu começei a me preocupar com isso é diminuir tempo exposto. Incluindo redes sociais. Percebi melhora inclusive na autoestima.