Porque os exercícios não vão lhe ajudar a emagrecer
É consenso que as atividades físicas fazem bem. Só que não é bem assim, vejamos. Ser sedentário faz mal, como se fosse uma doença. Um artigo comparou o aumento na mortalidade por ser sedentário (muito tempo sentado) ao equivalente a fumar uma carteira de cigarro por dia. Então, sair da inatividade é ótimo.
Caminhar é o nosso modo básico de movimento. Ande.
A curva relacionando nível de atividade física e saúde é semelhante ao que ocorre com muitas substâncias tóxicas, zero é ruim, em mínimas doses a médias faz bem, doses altas podem matar. Explico, sedentarismo é ruim, melhor é acrescentar movimento em sua vida. Exercícios com carga demasiado excessiva ou por repetição podem provocar lesões. Exercícios de longa duração como maratonas e assemelhados podem provocar perda muscular, fadiga adrenal e morte mais precoce.
Voltemos a questão de usar os exercícios para emagrecer. Fazer exercícios não queima calorias? E se eu ficar 3 horas na esteira todos os dias não vou emagrecer?
Não, na mesma proporção, e vou explicar porque. Não se tratam apenas de calorias. Da mesma forma que comer menos calorias leva a uma diminuição do gasto energético para as atividades básicas (metabolismo basal), gastar muitas calorias fazendo exercícios provoca o mesmo efeito. Vamos a um exemplo. Você tem um salário de 50 mil reais por mês. Seus gastos se ajustam a este salário.
Suponha que sua renda caia abruptamente para 10 mil reais por mês. Você pode entrar no cheque especial no primeiro mês, ou consumirá algumas reservas, mas em breve cortará despesas, se não quiser falir.
Com nosso corpo e com os gastos de energia ocorre a mesma coisa. Cortou calorias na dieta ou se exercitou demasiado? O corpo reduz o metabolismo, pois a evolução garantiu mecanismos adaptativos.
Se quer emagrecer mude o tipo de alimento que come (pode reduzir a quantidade, a freqüência que come ou ambos). Mudando o tipo de alimento que come você muda os hormônios que regulam o metabolismo deste alimento. Mudando o tipo de alimento você pode estimular os hormônios que favorecem a queima de gordura armazenada e reduzir o grande hormônio do modo armazenamento, a insulina. Bingo!
Existem exercícios que provocam efeito semelhante, estimulando a liberação de hormônio do crescimento e testosterona, ou aumentando a sensilidade à insulina (que equivale a menos insulina circulando e provocando armazenamento)
e à leptina (dá saciedade). E os exercícios que provocam estes efeitos não são os cardiovasculares crônicos, como longas horas na esteira ou maratona.
Exercícios que ajudam a manter a forma são exercícios muito intensos e de pouco tempo, HIIT em inglês, os intervalados de alta intensidade. São exercícios que estimulam a musculatura e a queima de gorduras, efeitos que persistem por dias após a execução do exercício. Já reparou no corpo do Usain Bolt? Isto!
Exercícios prolongados, como as maratonas, exigem muitos carboidratos e frequentemente esgotam as reservas de glicogênio musculares, levando à atrofia muscular. Sim, porque na evolução nossos ancestrais não corriam por longas horas (talvez uma exceção sejam subpopulações da região do Quênia e arredores, com um clima inóspito e que tem mitocôndrias e fibras musculares apropriadas aos exercícios aeróbicos (metabólicos) de longa duração). Se lhe agrada atividade física de longa duração, a escolha é sua, porém não ajudará na sua saúde (e muito menos emagrecer).
Caminhe, mexa-se, dance, nade, veleje, reme, jogue, pratique yoga, pilates, artes marciais e exercícios de força e aeróbicos da maneira mais inteligente por períodos curtos(10 a 30 minutos são suficientes) e de maneira intensa e cuidadosa.
Sua mente, sua vida, sua saúde agradecem!
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1 comentário
Ótimo artigo! Muitas pessoas, assim como eu, exercitam-se até o limite do corpo, muitas vezes com exercícios repetitivos. Vou experimentar esta nova forma de exercitar-me e colher os benefícios. Estou adorando o blog! Parabéns!