O legado da Páscoa
Se você é como eu não gosta da palavra morte.
É uma palavra da qual fujo e desejaria que não existisse.
Mas ela bate à nossa porta com frequência (a palavra, não o fato, felizmente, exceto para quem trabalha em algumas profissões, como os da saúde).
Agora mesmo com a pandemia do Corona.
Com o elevado número de pessoas mortas por uma virose que não enxergamos nem tocamos.
No entanto, ela está aí.
Nos noticiários, nos conhecidos que estão com a doença.
Em alguém que conhecemos, ou alguém que alguém que conhecemos conhecia e morreu.
Por que falar sobre isto nesta hora?
Serei duro, serve para mim, que não gosto de encarar o fato: porque no fim todos nós estaremos mortos.
E precisa lembrar disto?
Penso que sim.
Porque com facilidade esquecemos o presente que recebemos junto com a sentença de morte no dia em que nascemos.
Estamos todos vivos, pelo menos quem está lendo este texto.
Somos o único animal da natureza que conhece e sabe, e não tem dúvida de sua finitude.
Vivemos com esta sentença.
É duro?
Sim, não é fácil.
Porém, há uma dádiva aqui.
Somos o único animal, os humanos, que tem consciência de sua trajetória.
Que sabem de sua pequenez no todo incomensurável.
Só nós sabemos que não sabemos nem conhecemos tudo.
Pelo contrário, temos consciência de nossas limitações e falhas (com exceção dos tolos ou sem juízo).
Somos também o único animal que vive eternamente preso aos seus afetos. Às pessoas, animais e coisas às quais nos apegamos.
Somos o único animal que acredita em histórias, que conta histórias, que acredita, vive e morre por ideias.
E a Páscoa nos lembra isto.
De um ser humano, ou um filho de Deus.
Enfim, alguém que nasceu, teve uma família, amigos, viveu e foi morto por suas ideias e sua crença.
E, ainda hoje, lembramos seu legado.
Contamos sua história, seu drama, sua vida e sua morte.
Contamos, porque o legado importa.
A vida é finita.
Mas, o legado, as lembranças, nossas escolhas e como agimos em nossa vida faz diferença no todo.
Uma minúscula diferença, é verdade.
Porém, é uma semente (um ovo é uma semente de um ser vivo).
E isto movimenta a vida.
Pode elevá-la ou rebaixá-la.
Porque a vida é frágil.
Porque a vida é importante.
Porque a vida é agora.
E o legado importa.
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