Muito além das placas de gordura. Ou como a gordura foi declarada culpada!
“Duas vacas estavam discutindo a mais recente pesquisa nutricional, feita em leões. Uma diz a outra: “Ouviste que temos comido errado nos últimos 200 anos? A última pesquisa mostra que pastar é ruim e comer carne é bom.” Então as duas vacas começam a comer carne. Logo elas adoecem e morrem.
Um ano mais tarde, dois leões discutem a mais recente pesquisa nutricional, feita em vacas. Um leão diz para o outro que a última pesquisa mostrou que comer carne mata e comer pasto é bom. Então os dois leões começam a pastar e morrem.
Moral da estória: nós não somos ratos, nem macacos, muito menos vacas ou leões.
Somos seres humanos, portanto, devemos considerar apenas estudos em humanos”.
Fung, Jason. The Obesity Code. Greystone Books, 2016. Kindle ed. Posição 150. Tradução livre de Cláudio Brasil.
Quase todos sabem o que é uma placa de gordura. É um depósito de gordura dentro de uma artéria. Isto a obstrui, provocando infartos do miocárdio ou derrames cerebrais (acidentes vasculares encefálicos). Horrível, não?
Este conceito começou no final do século XIX, quando o médico Rudolph Virchow na Alemanha notou uma associação entre estas placas de gordura e doenças cardíacas.
A confirmação veio mais tarde, quando o fisiologista russo Nicolai Anitschkow produziu o mesmo tipo de placas em coelhos alimentando-os com dieta rica em gordura e colesterol. Coelhos comem na natureza uma dieta rica em gordura? Claro, que não, são vegetarianos, veja bem.
Em meados do século XX, surgiu a preocupação com o crescimento de casos de doenças cardiovasculares nos Estados Unidos. Nesta época, começou a se disseminar a ideia de que as gorduras saturadas seriam as grandes vilãs da dieta e responsáveis pelo aumento nestas doenças, bem como câncer, obesidade e diabetes.
O grande difusor desta ideia foi o pesquisador Ancel Keys, que com o Estudo dos Sete Países atribuía à carne vermelha e aos derivados do leite, enfim, à gordura saturada, a responsabilidade por estas doenças. A ideia serviu às principais entidades médicas, aos lobbies das indústrias agroquímicas, farmacêuticas e governo, e daí se disseminou para os demais países.
Então os norte-americanos se mexeram. Mudaram sua dieta, reduziram o consumo de gorduras saturadas e aumentaram o consumo de vegetais, principalmente carboidratos. E as estatísticas? Bem, não só não houve redução nas taxas de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e obesidade, como, ao contrário, aumentaram os casos destas doenças.
Recentemente se demonstrou que o trabalho de Keys possui falhas graves no delineamento experimental, no tamanho e seleção da amostra, bem como na análise dos dados, porém são citados como base para as recomendações alimentares oficiais até hoje. E ainda, todas as evidências apontam o contrário, comer gordura saturada é fundamental para garantir uma boa saúde!
Isto dá muito pano para manga é assunto de um próximo post, onde explicarei os motivos disto e ainda, porque o verdadeiro culpado foi inocentado e um inocente foi condenado em seu lugar.
Na foto, o livro Gordura sem medo, de Nina Teicholz, que desmistifica o mito da gordura má.
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